Mary E. Hunt
No começo Deus se divertia.
Ela soltava sonoras risadas e
ria mais ainda porque era bom.
Ela reclinava-se na cadeira e sorria.
Ela batia palmas de satisfação
e imaginava suas irmãs dançando.
Ela não fazia outra coisa
senão divertir-se, nada mais.
Deus sabia que havia trabalho a ser feito
- um mundo a ser criado,
pessoas a serem plasmadas
e todo um cosmos a ser planejado.
Ela viu de relance que a criação
iria incluir a mania de fazer reuniões
e que haveria injustiças a corrigir,
e mesmo assim ela ria,
sabendo que no final
tudo seria alegria e divertimento.
Ela não explicou a ninguém em particular
que sua intenção era que a vida fosse só
divertimento: - alegria e prazer
é o primeiro princípio.
Ela sabia que outras supostas divindades
davam ênfase ao trabalho e à obrigação.
Ela refletiu astutamente que,
se a meta era alegria para todos,
todo mundo poderia descansar,
relaxar, pelo menos uma parte do tempo.
Só pensar nisso levou-a
a abrir-se num largo sorriso.
Anos-luz depois,
quando a criação veio à existência
e as pessoas começaram a levar a vida
com trabalho árduo e suor,
ela notou que seu primeiro princípio
fora substituído pelo trabalho e pela dor.
Então ela enviou um lembrete de seu legado.
Deu-lhe vários nomes:
férias, lazer, descanso, recreação, divertimento.
Alguns acharam que era um resquício
de épocas passadas.
Mas Deus sabia que era a coisa real.
Ela deu-lhe o nome de salvação.
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